O Brasil deve produzir 251,904 milhões de toneladas de grãos na safra 2019/2020, de acordo com estimativa divulgada nesta terça-feira (10/3) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O número revisa para cima a estimativa feita no mês passado, de 251,118 milhões, e representa um crescimento de 4,1%, ou 9,9 milhões de toneladas, em relação à temporada passada (241,991 milhões).
De acordo com a Companhia, de um modo geral, as lavouras do Brasil foram beneficiadas pelas boas condições climáticas nas principais regiões produtoras. A situação vem favorecendo ganhos de produtividade, o que, na avaliação dos técnicos, deve conduzir a uma nova produção recorde no país.
Em meio a este cenário, a estimativa para a produção de soja foi elevada de 123,249 milhões para 124,205 milhões de toneladas, um aumento de 8% em comparação com a safra 2018/2019, estimada em 115,029 milhões. Mesmo com as dificuldades enfrentadas pelos produtores no início do calendário de plantio.
“Um recorde na série histórica, sobretudo pelas melhores condições climáticas nesta safra, que apresentou um começo difícil, com a semeadura ocorrendo de maneira desuniforme em diversos estados produtores em virtude do atraso das chuvas”, avalia a Conab, na versão resumida do relatório, publicada em seu site oficial.
Na região do Matopiba, diz a Conab, as condições não foram boas no início, com replantio em algumas áreas. Mas a fase de desenvolvimento encontrou clima favorável. Diferente da região Sul. Especialmente no Rio Grande do Sul, onde a estiagem e as altas temperaturas afetaram o desenvolvimento das lavouras e provocaram perdas de produtividade.
Uma situação que pesou também na estimativa para a colheita de milho de verão, que caiu de 26,058 milhões para 25,560 milhões de toneladas e puxou para baixo também o número total, de 100,485 milhões para 100,083 milhões de toneladas, somando os três ciclos anuais para a cultura. A Conab revisou a segunda safra de 73,271 milhões para 73,366 milhões de toneladas e manteve a terceira em 1,156 milhão de toneladas.
“Problemas climáticos na Região Sul, sobretudo no Rio Grande do Sul, prejudicaram o potencial produtivo das lavouras. Enquanto isso, ainda há áreas sendo semeadas no Matopiba, mesmo com substituição de lavouras de soja por milho. A segunda safra de milho tem a semeadura acontecendo de acordo com o avanço da colheita da soja. Mato Grosso, principal estado produtor, é o mais adiantado no plantio”, pontua a Conab.
A safra de algodão foi ajustada para cima pelos técnicos. Na avaliação da Companhia, a produção de caroço deve ser de 4,278 milhões de toneladas e a de pluma, de 2,853 milhões. Os números representam um crescimento de 2,7% em comparação com a temporada 2018/2019. O volume estimado de pluma é o maior da série histórica, informa o relatório, impulsionado, principalmente, pelos investimentos em Mato Grosso, maior produtor nacional.
A Conab elevou sua estimativa também para a safra de arroz, de 10,510 milhões para 10,524 milhões de toneladas na safra 2019/2020, somando as lavouras irrigadas e de sequeiro. Ainda assim, a produção deve permanecer praticamente estável (+0,8%) em relação à temporada passada (10,445 milhões de toneladas).
“A área cultivada com arroz vem diminuindo, sobretudo em áreas de sequeiro. Apesar da redução nos últimos anos, a maior proporção do plantio em áreas irrigadas, que geram maiores produtividades, e o contínuo investimento do rizicultor em tecnologias, vêm permitindo a manutenção da produção, ajustada ao consumo nacional”, diz a Conab.
Outra estimativa elevada pelos técnicos foi a da produção de feijão, que passou de 3,058 milhões para 3,140 milhões de toneladas, somados os três ciclos anuais para a cultura. A primeira safra deve totalizar 1,049 milhão de toneladas, a segunda 1,357 milhão e a terceira 733,8 mil toneladas.
Culturas de inverno
A Conab projeta que as culturas de inverno devem somar em 2020 uma colheita de 6,723 milhões de toneladas, aumento de 3,5% em comparação com a de 2019, estimada em 6,496 milhões. O cálculo considera aveia, canola, centeio, cevada, trigo e triticale. Na principal dessas culturas, a de trigo, a projeção é de uma colheita de 5,346 milhões de toneladas.
A área total plantada com grãos no Brasil é estimada pela Companhia em 64,778 milhões de hectares, aumento de 2,4% em comparação com a safra 2018/2019 (63,262 milhões de hectares).
Fonte: Revista Globo Rural