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IBGE diz que estabelecimentos com agricultura irrigada crescem mais de 50% em 11 anos

De acordo com o Censo Agro, os modelos mais utilizados pelos produtores no Brasil foram a irrigação por gotejamento, a molhação, a aspersão convencional e a microaspersão

Irrigação eficiente elimina dependência da chuva. Foto: Fernando Augusto/Pixabay

Um dos processos mais relevantes para o desenvolvimento da produção agrícola, a irrigação vem ganhando terreno significativo na agricultura brasileira. De acordo com dados do Censo Agropecuário de 2017, o número de estabelecimentos que fizeram uso da técnica aumentou 52,6% em comparação com 2006. Nesses 11 anos, a área total irrigada também cresceu em números parecidos: 47,6%. São mais de 500 mil estabelecimentos e área total de 6,7 milhões de hectares.

Dispor dessa tecnologia permite que o produtor não dependa exclusivamente da chuva para o cultivo. “A planta precisa ser bem nutrida com água. Não havendo escassez de água, a plantação fica com o máximo de potencial. E acaba produzindo mais”, explica Marcelo de Souza Oliveira, analista do IBGE.

Há diversos métodos de irrigação disponíveis atualmente. De acordo com o Censo Agro, os mais utilizados pelos produtores no Brasil foram a irrigação por gotejamento, a molhação, a aspersão convencional e a microaspersão.

Marcelo esclarece que nem sempre a área de produção recorre à irrigação por conta do clima seco. “Às vezes, um rio passa perto da área de plantação, por exemplo. Então, a irrigação pode explorar isso. Nada mais é que planejar o uso da água, sem esperar a chuva que poderá ou não vir daqui a alguns meses”, justifica.

Projetos atraem e impulsionam produção

Marcelo acredita que projetos vinculados à irrigação favorecem e tornam mais atraente a área para quem quer produzir. Isto se reflete nos números de Sergipe, por exemplo, estado onde houve crescimento de mais de 90% no número de estabelecimentos com uso da irrigação entre 2006 e 2017.

Para Saymo Fontes, engenheiro agrônomo e gerente técnico do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), o estado tem um histórico de insegurança dos produtores em relação à baixa ocorrência de chuvas. “Há também a necessidade de otimização do uso da terra e da busca da estabilidade da produção ao longo do ano”, complementa.

De acordo com o engenheiro agrônomo, os principais desafios para o produtor rural que deseja ter sua propriedade irrigada são o acesso à água – principalmente em locais como o semiárido sergipano – e a elevada salinidade e sodicidade do lençol freático. Além disso, tanto o acesso à energia elétrica de qualidade quanto o elevado custo para implantação dos sistemas tornam o procedimento muito caro para o produtor que pensa em fazer isso por conta própria.

Dessa maneira, alguns projetos e iniciativas governamentais voltados para a irrigação são fundamentais. Um deles é o Platô de Neópolis, projeto do governo estadual de Sergipe, que conta com uma infraestrutura para produção agrícola na região do Baixo São Francisco.

Segundo Ricardo Barroso, técnico na área de operação e manutenção da Associação dos Concessionários do Distrito de Irrigação de Neópolis (Ascondir), entidade que capta e distribui a água do Rio São Francisco ao longo do projeto, o Platô de Neópolis só existe por conta da irrigação. “Em um ano, temos apenas uns quatro meses de chuva, que vai de abril a junho. Por isso, a irrigação faz com que o projeto exista e produza o ano inteiro”, assegura.

Um dos produtos mais importantes no Platô de Neópolis é o coco-da-baía. E cultivá-lo só é possível por conta da irrigação por microaspersão. Essa técnica, a mais utilizada no estado, alcançando mais de 3 mil estabelecimentos agropecuários, consiste em lançar a água de forma rápida e eficiente, com precipitação suave e uniforme, sendo considerada de fácil manutenção.

Seu José, em Sergipe, usa a irrigação para plantar arroz e tem o apoio do governo
Foto: Camila Farias/Agência IBGE Notícias

Além do coco, o arroz também é muito comum em Neópolis. Por lá, os agricultores apostaram na irrigação por inundação há mais de 40 anos. Um desses produtores é José Leite, 64 anos, que possui uma propriedade no Perímetro Irrigado de Betume, e participa do projeto da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), que atinge, além de Neópolis, os municípios de Ilha das Flores e Pacatuba, no Baixo São Francisco.

José é dono de um dos 2.860 lotes contemplados pelo projeto. O agricultor familiar conhece bem a importância da irrigação para sua plantação. “O arroz era plantado somente no período de chuvas, mas com a irrigação podemos plantar independentemente do período do ano”.

Reservatório de água para irrigação do cultivo do coco-da-baía
Foto: Camila Farias/Agência IBGE Notícias

Fonte: Agência IBGE Notícias

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