São chás, colírios, repelentes, hidratantes e azeites fabricados a partir de espécies vegetais da Amazônia, Caatinga, Mata Atlântica e Cerrado
Uma iniciativa conjunta do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) identificou 26 produtos nos biomas Amazônia, Caatinga, Mata Atlântica e Cerrado com potencial de serem inseridos no mercado. Os produtos envolvem plantas medicinais, aromáticas, condimentares e alimentícias nas regiões Norte, Nordeste, Sul e Sudeste. A conclusão é do projeto ArticulaFito – Cadeias de Valor em Plantas Medicinais.
De acordo com a coordenadora técnica e executiva do ArticulaFito, Joseane Carvalho Costa, são chás, colírios, repelentes, hidratantes, azeites para uso na gastronomia, que têm como matéria-prima espécies vegetais da flora brasileira.
“Agora, para inserir esses produtos no mercado, é necessário superar desafios identificados pelo ArticulaFito, que desde 2015 vem trabalhando para promover essas cadeias de valor, prestando capacitações e outros serviços para adequar os produtos aos diferentes mercados, em âmbito local, nacional e internacional”, acrescentando que “não é apenas o valor monetário, mas também os valores étnicos, sociais, culturais e ambientais agregados às cadeias de valor mapeadas”.
O secretário de Agricultura Familiar e Cooperativismo do Mapa, Fernando Schwanke, destaca que o projeto contribui para a geração de renda e agregação de valor aos produtos da sociobiodiversidade, base do Programa Bioeconomia Brasil. “São inúmeras ações em várias partes do Brasil e acreditamos no potencial da nossa biodiversidade”.
Segundo o coordenador-geral de Extrativismo do Mapa, Marco Aurélio Pavarino, a iniciativa fortalece a base produtiva nacional de plantas medicinais e fitoterápicos. “Apoiar o aprimoramento das cadeias de valor de produtos da sociobiodiversidade brasileira é estratégico para impulsionar o desenvolvimento econômico local, a partir de ações que integrem produção sustentável, geração de renda, conservação da biodiversidade e empoderamento social das populações extrativistas e dos agricultores familiares”.
A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, aponta que preservar a cultura e os saberes tradicionais é, também, promover saúde. “Povos e comunidades tradicionais e agricultores familiares produzem riqueza de forma sustentável, o que contribui com a preservação do ambiente e com relações produtivas mais justas, criando territórios saudáveis. Um dos impactos positivos que observamos nesse sentido é a equidade de gênero, conquistada a partir do protagonismo feminino nesses espaços. Tudo isso nos aproxima dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU) para 2030″.
Visão de futuro
O mapeamento das 26 cadeias de valor em plantas medicinais, aromáticas, condimentares e alimentícias envolveu agricultores familiares, extrativistas, representantes da indústria, do comércio e de instituições públicas, além da equipe técnica do ArticulaFito.
O processo foi pautado pela metodologia Value-Links-Biodiversidade, desenvolvida pela Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ, na sigla em alemão).
Entre 2015 e 2018, foram realizadas oito oficinas de mapeamento em Foz do Iguaçu (PR), Petrópolis (RJ), Natal (RN), Montes Claros (MG), Palmas (TO), Macapá (AP), Marabá (PA) e Belém (PA). Nesses encontros, foram identificados, coletivamente, problemas e as oportunidades.
“As informações são decisivas para a proposição de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento sustentável, à promoção da saúde e ao fortalecimento da base produtiva nacional”, destaca a coordenadora técnica e executiva do projeto.
A ArticulaFito vem desenvolvendo estratégias de governança para propiciar um ambiente de equilíbrio e diálogo constante entre os diferentes atores ligados ao desenvolvimento de uma cadeia de valor.
Para apoiar o percurso dos agricultores familiares e extrativistas até as visões de futuro de suas cadeias de valor em plantas medicinais, aromáticas, condimentares e alimentícias, o ArticulaFito promove oficinas de capacitação.
Com a pandemia de Covid-19, as oficinas passaram a ser virtuais sobre temas como, boas práticas de cultivo e manejo, farmácias vivas, legislação fitossanitária, acesso a mercados diferenciados e sistemas agroflorestais. A coordenadora Joseane Carvalho adianta que um ciclo com novos temas está em andamento.
Conheça as Cadeias de Valor em Plantas Medicinais mapeadas pelo ArticulaFito:
Medicamentos fitoterápicos
Extrato seco e chá medicinal de calêndula
Extrato seco e chá medicinal de espinheira santa
Chá medicinal de guaco
Produtos tradicionais de capim cidreira
Pó de carapiá
Semente de umburana
Chá de cavalinha
Pílula artesanal de babosa
Chá medicinal de hortelã
Semente de sucupira
Extrato de pilocarpina das folhas de jaborandi
Cosméticos
Vagem de fava d’anta
Extrato de melão de São Caetano
Extrato de arnica
Cera de carnaúba
Óleo e sabonete de copaíba
Óleo de andiroba
Óleo de pracaxi
Repelente de andiroba
Óleo e cosméticos de buriti
Manteiga de tucumã e óleo do bicho do tucumã
Alimentos
Óleo de macaúba
Óleo extravirgem e farinha de babaçu
Amêndoas de castanha do Pará
Jambu in natura e cachaça de jambu
Bacuri in natura, polpa, semente e casca e manteiga de bacuri
Fonte: Assessoria de Comunicação da Fiocruz/Mapa