De acordo com a Cogo – Inteligência em Agronegócio, a commodity foi afetada pelos impactos da Covid-19 na economia e pela baixa do petróleo
Mesmo com a reabertura gradual das indústrias têxteis e do comércio ao redor do mundo, os impactos econômicos decorrentes da pandemia do novo coronavírus devem resultar em redução no consumo global de algodão, projeta a consultoria Cogo – Inteligência em Agronegócio. A expectativa é de queda de até 15%, para 22,35 milhões de toneladas de pluma.
“Pesa também a concorrência com fibras sintéticas”, aponta a empresa. Apesar da recente recuperação das cotações do barril de petróleo (matéria-prima para produção de poliéster, por exemplo), ainda se observam valores atuais significativamente abaixo do intervalo de US$ 60 a US$ 70 por barril verificados ao longo de 2019. Entretanto, há uma recuperação recente das cotações do petróleo, que subiram de um piso de menos de US$ 20 por barril em abril/2020, durante o pico da epidemia da Covid-19 na Ásia, Europa e EUA, para os atuais US$ 41 por barril (tipo Brent), o que indica que esse movimento pode se acentuar ao longo de 2020 e atingir patamares mais elevados.
A transição da safra mundial 2019/2020 para 2020/2021 deve ter níveis de estoques bastante elevados e, embora o consumo tenda a se recuperar com a reação da economia global, a competitividade da fibra sintética deve continuar acirrada.
Segundo a Cogo, o aumento de consumo global na temporada 2020/2021 está projetado em 11%, para 24,9 milhões de toneladas, porém, ainda ficará 5% abaixo da safra 2018/2019.
Os preços da fibra já vinham perdendo força mesmo antes da Covid-19, com o aumento de área plantada no mundo na temporada 2019/2020, que cresceu 4,9%. “Com a pandemia e o impacto gerado sobre o setor, os preços caíram ainda mais”, diz.
Mercado interno
A Cogo aponta que os cotonicultores fizeram muitos investimentos nas fazendas e o algodão é uma cultura de alto custo e a ociosidade é preocupante.
De acordo com a consultoria, há interesse pelo algodão brasileiro após o esforço dos últimos anos para ganhar mercados. “O produto brasileiro tem condições para conquistar mais espaço e preferência, graças ao trabalho que já desenvolvido, estruturando o setor e agregando valor à fibra”, diz.
A participação do Brasil no mercado global subiu para 21% das exportações de algodão, mas ainda há espaços para avançar. Na China, onde o share do algodão brasileiro era de 10%, passou para mais de 30%, alavancado pela disputa comercial entre a China e os EUA. Em Bangladesh, o produto brasileiro tem crescido bastante, mas ainda é origem de apenas 10% da importação do país.
A previsão de exportação do Brasil em 2019/2020 foi reduzida de 2,050 milhões de toneladas para 1,875 milhão de toneladas; esse volume, entretanto, ainda é um recorde.
Agência Safras