De acordo com o boletim, a batata apresentou os maiores índices de aumento em quase todas as Centrais de Abastecimento, com exceção do Acre
Quem procura preços baixos no atacado terá que aguardar mais um pouco até que a oferta de hortigranjeiros se recupere das condições climáticas adversas em várias partes do país. As baixas temperaturas e geadas ocorridas no final de julho e início de agosto estão refletindo nos preços das frutas e hortaliças no mercado interno. As informações são do 9º Boletim do Programa Brasileiro de Modernização do Mercado Hortigranjeiro (Prohort), divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) na última quinta-feira (16).
De acordo com o boletim, a batata apresentou os maiores índices de aumento em quase todas as Centrais de Abastecimento, com exceção do Acre, decorrentes da menor oferta registrada em agosto. As geadas prejudicaram principalmente as lavouras que se encontravam em desenvolvimento e que seriam responsáveis pelo abastecimento neste período, sustentando a alta também nos primeiros dias do mês de setembro.
As altas de preços da batata decorrem da redução de cerca de 4% da oferta aos mercados e só não foi maior porque estados produtores importantes mantiveram os envios, como Minas Gerais (4%) e São Paulo (30%). A diminuição na oferta ocorreu a partir dos estados da Bahia (-35%), Goiás (-37%) e Paraná, cujos decréscimos sucessivos a partir de janeiro chegaram aos níveis mais baixos do ano.
O boletim aponta que, para outras hortaliças, o movimento oscilou entre altas e baixas de preços. O tomate, por exemplo, ficou mais barato em alguns estados, mas sofreu aumento especialmente na Região Sudeste. Nos primeiros dias de setembro alguns acréscimos também ocorreram, decorrentes da paralisação dos caminhoneiros. Já os preços da cebola estiveram em patamares mais baixos em agosto, o que desmotivou as importações, que permanecem em baixa.
Quanto à cenoura, o cultivo a partir da região de São Gotardo/MG, principal produtora do país, aumentou em 20% e fez ceder os preços em parte dos mercados, em especial no próprio estado de Minas Gerais. São Paulo também aumentou a oferta e registrou queda de preços. Para setembro o cenário tende a se repetir, porém o déficit hídrico pode ainda comprometer a produção.
Frutas – No mês de agosto, quase todas as frutas subiram de preços no atacado. Banana e mamão tiveram os maiores aumentos, seguidos da laranja, melancia e, por fim, a maçã com leves variações. No caso da banana, o produto chegou a ficar 40,85% mais caro em Belo Horizonte (Ceasaminas) e 32,43% em Vitória (Ceasa-ES). Quanto à melancia, houve registro de elevações dos preços no atacado, mas também aumento da disponibilidade da fruta goiana e tocantinense, decorrente da boa produtividade relacionada ao calor. A razoável demanda equilibrou a oferta e diminuiu a pressão sobre os preços.
Para a laranja, as geadas e estiagem acabaram influenciando na produção de frutas menores e murchas em meio a uma demanda desaquecida. Mas a indústria produtora de suco continuou absorvendo parte da produção e a temporada de exportações foi iniciada de forma positiva. Já para o mamão, o cenário é de altos preços, com vários produtores controlando a comercialização devido à diminuição do cultivo nas roças, o que refletiu nas oscilações de oferta verificadas nos entrepostos. Mesmo assim, as taxas de câmbio, a boa demanda externa e o aumento dos voos para o exterior favorecem a continuidade do bom volume de mamão exportado.
Apesar dos aumentos, a expectativa para os próximos meses é positiva para os consumidores. “No início de setembro, a maioria dos atacadistas mostravam preços estáveis ou registraram queda em alguns produtos”, explica o superintendente de Estudos Agroalimentares e da Sociobiodiversidade da Conab, Marisson Marinho. “No Sudeste, somente o Espírito Santo registrou alta de preços nos dias 8 e 9/09, decorrente de bloqueios que aconteceram nas estradas, porém o preço já mostra arrefecimento. E a produção de alface, com ciclo mais curto, vem aos poucos se normalizando. Com a maior oferta de hortaliças nos próximos meses, o movimento de preços tende a se estabilizar ou até continuar em declínio, salvo se houver restrição no uso da água para irrigação em regiões afetadas pela crise hídrica.”
Enquanto isso, para quem busca alternativas de consumo mais baratas, o boletim aponta que, dentre as hortaliças comercializadas na Ceagesp/SP, por exemplo, houve redução na média de preços do gengibre (-36%), couve-flor (-18%), alcachofra (-16%), brócolis (-12%) e abóbora (-10%). Já em relação às frutas, comparando-se os mesmos períodos, destacaram-se na redução a tangerina importada (-27%), caju (-22%), jabuticaba (-15%), ameixa importada (-14%), tamarindo (-10%) e manga (-9%).
O levantamento dos dados foi realizado nas Centrais de Abastecimento localizadas em São Paulo/SP, Belo Horizonte/MG, Rio de Janeiro/RJ, Vitória/ES, Curitiba/PR, Goiânia/GO, Brasília/DF, Recife/PE, Fortaleza/CE e Rio Branco/AC que, em conjunto, comercializam a maior parte dos hortigranjeiros consumidos pela população brasileira. A íntegra do 9º Boletim Prohort pode ser acessada no Portal da Conab.
Acordo de Cooperação – Neste mês de setembro, a Conab firmou um Acordo de Cooperação, no âmbito do Prohort, com a Central de Abastecimento de Rio Branco (Ceasa/AC). O documento formaliza a parceria da Ceasa com o programa, uma vez que a atacadista já estava inserida nas análises da Companhia. O acordo prevê ainda ações de apoio ao setor hortigranjeiro, como a elaboração e implantação de projetos, desenvolvimento de sistemas, realização de estudos técnicos, transferência de informações, integração entre as bases de dados, realização de encontros técnicos, capacitação de pessoal e disponibilização de recursos humanos, materiais e tecnológicos.
Fonte: Conab