Pesquisa elaborada pela Fiesp com projeções para as principais commodities do agro indica que país passará das atuais 6,9 milhões para mais de 10 milhões de toneladas embarcadas
Estudo indica que o Brasil terá crescimento de 50% na exportação de proteínas animais até o fim aa década. A conclusão faz parte da pesquisa Outlook 2029, elaborada pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) e que traz projeções para o agronegócio brasileiro. De acordo com o relatório, o país passará das 6,9 milhões de toneladas embarcadas no ano passado para 10,36 milhões de toneladas em 2029, somando-se os volumes exportados de carne bovina, de frango e suína.
O segmento que mais colaboraria para esse cenário seria o de carne bovina, com elevação de 65% no total de embarques no período, saindo de 1,95 milhão de toneladas atualmente para 3,22 milhões de toneladas em 2029.
As exportações de carne de frango, prevê o estudo, teriam evolução de 44% até o fim da década, atingindo 6 milhões de toneladas, e as de carne suína, 45%, ultrapassando a marca de 1 milhão de toneladas. Já a produção de carne, somadas todas as categorias animais, cresceria 26% até o fim da década, de acordo com o estudo da Fiesp.
No caso da proteína bovina, o estudo indica que um fator importante para a dinâmica do setor é a ausência de embargos nos países compradores, o que têm preservado o fluxo de exportações do Brasil. Contribuiria para esse cenário a condução por parte das autoridades brasileiras, com destaque para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, na abertura e reabertura de importantes mercados consumidores.
Também é visto como benéfico ao setor o fato de alguns competidores externos do Brasil terem mantido uma elevada proporção de descarte de fêmeas nos últimos dois anos, caso de EUA, Austrália, Argentina e Uruguai. O que teria implicado maior oferta de carne e, consequente, pressão baixista nos preços. De acordo com o estudo, isso sugere que a oferta de carne deverá desacelerar nesses países pela escassez de bezerros.
Carne de frango
Na avicultura, a instabilidade na relação política entre os Estados Unidos e a China seria um ponto positivo para as exportações brasileiras. No futuro, indica o estudo, eventualmente a carne americana poderá novamente estar sujeita a sobretaxas impostas pelo governo chinês.
Apesar do destaque da China, que passou a ser o principal destino da carne de frango brasileira em 2019, as exportações nacionais também melhoraram para outros mercados relevantes, que haviam apresentado performance fraca no ano anterior, caso de Arábia Saudita, Japão e Egito. Por outro lado, para a União Europeia as vendas foram ainda menores em 2019.
O estudo considera que o Brasil esteja bem posicionado no mercado internacional, devendo manter o ritmo de crescimento das exportações nos próximos dez anos. Da mesma forma, a demanda interna pela proteína seguiria uma trajetória ascendente, com reflexos positivos na geração do produto brasileiro.
Carne suína
Sobre a carne suína, o estudo da Fiesp lembra que a China fortaleceu as importações de carnes de diversos países produtores , com o intuito de compensar parte da grande retração da produção por conta de reflexos do severo surto de peste suína africana (PSA). Ainda assim, o volume total da exportação mundial de carne suína seria relativamente inferior à redução da oferta da China, o que fará com que as compras chinesas continuem elevadas, dando sustentação ao crescimento da demanda externa.
No Brasil, as exportações para a China se fortaleceram, e o estudo concluiu que isso deu suporte a um aumento nos preços da carne no mercado interno, com a consequente recuperação de margens dos produtores, apesar dos custos de produção, que se mantêm elevados desde 2018.
No ambiente externo, o ponto de atenção segundo as projeções da Fiesp é a recente Fase I do acordo comercial fechado entre EUA e China. De acordo com o estudo, os EUA são extremamente competitivos na produção de carne suína, sendo também um dos grandes exportadores mundiais. Os preços no país encontram-se deprimidos por causa da elevada disponibilidade interna, o que torna o produto norte-americano ainda mais competitivo. Contudo, apesar da maior competição com a carne suína americana, o déficit chinês é tão grande que o impacto negativo sobre as exportações brasileiras deve ser minimizado.
Canal Rural